terça-feira, 5 de novembro de 2013

SOBRE OS VIPS COTIDIANOS

Nessa história (tosca) do rei (igualmente tosco) do camarote, o que me deixou mais perplexa foi o próprio justificar a onipresença de seus seguranças por conta da "inveja que rola". 
Caro rei do camarote (e isso também serve pras rainhas do camarote do nosso cotidiano): existem, ao meu ver, três tipos de inveja. 
A primeira é conhecida como "invejinha branca". E atire a primeira garrafa de Chandon quem nunca a sentiu. É aquela inveja boa, que nos inspira, que nos faz "correr atrás". Fulana foi à Europa? Ora, eu também posso! E "bora" juntar dinheiro, pesquisar melhores preços, fazer umas aulinhas meia-boca de inglês/espanhol pra quebrar o galho...tal inveja nos permite até ficarmos felizes pelo objetivo alheio conquistado.
O segundo tipo é a inveja propriamente dita. Aquela que nos dá uma pontada de raiva misturada ao inconformismo: "porque com fulano e não comigo?". E tentamos achar motivos, nos apegamos à crenças injustificáveis, praguejamos o outro...nada muito lógico, obviamente. 
O terceiro tipo, querido(a) rei(rainha) do camarote, sinto informar: não é inveja, é pena. Pena de quem vive de aparências, achando que está abafando e atraindo olhares de inveja que, no fundo, são meras observações pautadas de menosprezo e dó. Dó de você que, pra cada foto do instagram, recebe três ou quatro ligações de credores exigindo quitações. Pena de quem tem que acumular coisas pra senti-las desejadas e, assim, sentir-se próprio objeto de querência. Comiseração por quem tenta ser o que não é, mostrando ter o que não pode, a quem pouco interessa. 

Então, reis ou rainhas dos nossos espacinhos vips imaginários: não se iluda. Coloque-se em seu lugar e pense que tipo de inveja tem atraído para si. Melhor: entenda que, em 99,9% dos casos, é só pena mesmo. Nos outros 0,01% é pena misturado com um pouquinho de desprezo.